sábado, 16 de fevereiro de 2013

A verdadeira natureza do espaço e do tempo



Pense agora no seguinte: se não existisse nada, só o silêncio, ele não teria nenhum significado, porque você nem ia saber o que era aquilo. Só quando o som apareceu é que o silêncio passou a ter um sentido. Da mesma forma, se só existisse o espaço, sem nenhum objeto, ele também nada significaria para você. Imagine-se como um ponto de consciência flutuando na imensidão do espaço, sem nenhuma estrela, nenhuma galáxia, somente o vazio. O espaço não teria imensidão, ele nem estaria ali. Não haveria velocidade, nem movimento de um ponto para outro. São necessários ao menos dois pontos de referência para que a distância e a velocidade possam ter um significado. O espaço só passa a ter um significado no momento em que a Unidade se transforma em dois, e em que, como “dois”, se transforma em “dez mil coisas”, que é como Lao-Tsé chama o mundo manifesto. É assim que o espaço se amplia cada vez mais. Portanto, o mundo e o espaço surgem no mesmo momento.

Nada poderia ser sem que houvesse o espaço, ainda que o espaço não seja nada. Mesmo antes que o mundo existisse, antes do “Big Bang” se você preferir, não existia nenhum espaço vazio esperando para ser preenchido. Não existia nenhum espaço, assim como não existia coisa alguma. Só existia o Não Manifesto, a Unidade. Quando a Unidade se transformou em “dez mil coisas”, o espaço, de repente, mostrou que estava ali, permitindo que as mil coisas existissem. De onde ele terá surgido? Será que Deus o criou para acomodar o mundo? Claro que não. O espaço é coisa nenhuma. Portanto, ele nunca foi criado.

Saia de casa em uma noite clara e olhe para o céu. Os milhares de estrelas que podemos ver a olho nu não passam de uma fração infinitesimal do que existe lá por cima. Os telescópios mais potentes já conseguem identificar um bilhão de galáxias, cada uma formando um “mundo isolado”, contendo, cada um, bilhões e bilhões de estrelas. Ainda assim, o que inspira mais respeito é o próprio espaço sem fim, a profundidade e a quietude que possibilitam que toda essa grandeza exista. Nada poderia inspirar mais respeito e grandiosidade do que a inconcebível imensidão e quietude do espaço, e, ainda assim, o que ele é? Um vazio, um imenso vazio. Aquilo que se apresenta para nós como espaço, no nosso mundo percebido através da mente e dos sentidos, é a forma exteriorizada do próprio Não Manifesto. É o “corpo” de Deus. E o grande milagre é que essa quietude e imensidão, que permitem o universo ser, não estão apenas lá no espaço, estão também dentro de nós. Quando estamos inteira e totalmente presentes, nós o encontramos como o espaço interior e sereno da mente vazia. Dentro de nós, ele é imenso em profundidade, não em extensão. A extensão espacial é, em última análise, uma percepção distorcida da profundidade infinita, uma característica da realidade transcendental única.

De acordo com Einstein, o espaço e o tempo não são coisas separadas. Não entendo muito bem, mas acho que ele está dizendo que o tempo é a quarta dimensão do espaço. Ele chama isso de “o continuum do tempo e espaço”.

Sim. O espaço e o tempo que percebemos são, em essência, uma ilusão, mas contêm um cerne de verdade. Correspondem às duas características essenciais de Deus, que são a infinitude e a eternidade, vistas como se tivessem uma existência externa, fora de nós. Dentro de nós, o espaço e o tempo possuem um equivalente que nos revela não só a verdadeira natureza de cada um deles, como também a de cada um de nós. Enquanto o espaço corresponde à quietude, a infinitamente profunda região da mente vazia, o tempo tem o seu equivalente interno na presença, na percepção do eterno Agora. Lembre-se de que não há diferença entre os dois. Quando o espaço e o tempo são percebidos, em nosso interior, como o Não Manifesto – mente vazia e presença –, o espaço exterior e o tempo continuam a existir para nós, mas perdem a importância. O mundo também continua a existir para nós, mas não nos impõe mais restrições.

Portanto, o objetivo final do mundo não está dentro do mundo, mas na transcendência do mundo. Assim como nós não teríamos consciência do espaço se não houvesse objetos no espaço, o mundo é necessário para que o Não Manifesto seja percebido. Talvez você tenha ouvido o ensinamento budista “se não houvesse ilusão, não haveria a iluminação”. É através do mundo e, em última instância, através de você que o Não Manifesto é reconhecido. Estamos aqui para tornar possível que o propósito divino do universo se revele. Veja só como você é importante!

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