sábado, 16 de fevereiro de 2013

Desistindo do relacionamento consigo mesmo



Quando alguém está plenamente consciente, será que tem necessidade de um relacionamento? Um homem ainda se sentirá atraído por uma mulher? Uma mulher se sentirá incompleta sem um homem?

Iluminado ou não, no nível da sua identidade com a forma, você não está completo. Você é a metade do todo. E isso é percebido como a atração homem-mulher, o movimento em direção à polaridade oposta de energia, não importa qual seja o seu nível de consciência. Mas, nesse estado de conexão interior, você percebe essa atração em algum lugar sobre a superfície ou na periferia da sua vida. O universo inteiro parece as ondas e marolas sobre a superfície de um oceano imenso e profundo. Você é esse oceano e, naturalmente, também é a marola, mas uma marola que percebeu a sua verdadeira identidade como oceano e sabe que, em comparação a essa vastidão e profundidade, o mundo das ondas e marolas não é assim tão importante.

Isso não significa que você não se relaciona profundamente com outras pessoas ou com o seu parceiro. Na verdade, você consegue se relacionar se tiver consciência do Ser. Partindo do Ser, você é capaz de enxergar além do véu da forma. No Ser, homem e mulher são uma unidade. A sua forma pode continuar a ter algumas necessidades, mas o Ser não tem nenhuma. Já está completo e inteiro. Se essas necessidades forem preenchidas, será ótimo, mas não faz diferença para o seu estado interior mais profundo. Portanto, caso a necessidade de uma polaridade masculina ou feminina não seja preenchida, é perfeitamente possível para uma pessoa iluminada perceber que falta alguma  coisa no nível externo e, ao mesmo tempo, sentir-se totalmente completa e satisfeita no nível interno.

Na busca da iluminação, ser homossexual serve de vantagem, de obstáculo, ou não faz qualquer diferença?

Ao se aproximar da idade adulta, a incerteza da sexualidade seguida da percepção de que você é “diferente” dos outros pode forçar uma desidentificação dos padrões socialmente condicionados de pensamento e comportamento. Isso vai elevar, automaticamente, o seu nível de consciência sobre a inconsciência predominante, onde as pessoas inquestionavelmente carregam todos os padrões herdados. Nesse sentido, ser homossexual pode ser uma vantagem. Até certo ponto, ser um estranho, alguém que não se “enquadra” com os outros, ou é rejeitado por eles por qualquer razão, torna a vida difícil, mas também traz uma vantagem com relação à iluminação. Ela tira você da inconsciência quase que à força.

Por outro lado, se você desenvolve um sentido de identidade baseado na sua homossexualidade, escapa de uma armadilha para cair em outra. Você vai desempenhar papéis e jogos ditados pela imagem mental que você tem de si mesmo como homossexual. Vai se tornar inconsciente. Vai virar uma falsidade. Debaixo da sua máscara do ego, vai estar muito infeliz. Se isso acontece com você, ser homossexual virou um obstáculo. Mas sempre existe uma nova oportunidade. Uma infelicidade aguda pode ser um grande elemento despertador.

É verdade que cada um de nós precisa ter um bom relacionamento consigo mesmo antes de se relacionar com outra pessoa?

Se você não consegue ficar à vontade consigo mesmo, vai procurar um relacionamento para encobrir o seu desconforto. Só que esse desconforto vai reaparecer de alguma outra forma no relacionamento, e você, provavelmente, atribuirá a responsabilidade ao seu parceiro. Tudo o que você precisa fazer é aceitar este momento plenamente. Você estará então à vontade no aqui e agora e à vontade consigo mesmo.

Mas será que você precisa ter um relacionamento com você mesmo? Por que não ser apenas você? Quando se relaciona com você mesmo, já se dividiu em dois: “eu” e “eu mesmo”, sujeito e objeto. Essa dualidade criada pela mente é a raiz de toda complexidade desnecessária, de todos os problemas e conflitos em sua vida. No estado de iluminação, você é você mesmo – “você” e “você mesmo” se fundem em um só. Você não se julga, não sente pena de si, não se orgulha de si, não se ama, não se odeia, etc. A divisão provocada pela consciência está curada, sua maldição removida. Não existe um “você mesmo” que seja preciso proteger, defender ou alimentar. Quando você está iluminado, não tem mais um relacionamento consigo mesmo. Uma vez que tenha aberto mão disso, todos os seus outros relacionamentos serão de amor.

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