O processo
que acabei de descrever é extremamente poderoso, embora simples. Poderia ser
ensinado a uma criança, e tenho a esperança de que um dia será uma das
primeiras coisas a serem aprendidas na escola. Uma vez entendido o princípio
básico do que significa estar presente observando o que acontece dentro de nós
– e “entendemos” isso quando passamos pela experiência –, teremos à nossa
disposição a mais poderosa ferramenta de transformação.
Não nego que podemos encontrar uma forte resistência
interna tentando nos impedir de pôr um fim à identificação com o sofrimento.
Isso acontecerá particularmente se tivermos vivido intimamente identificados com o sofrimento emocional
durante a maior parte da Vida e se tivermos investido nele uma grande
parte ou mesmo todo o nosso sentido de eu interior. Isso significa que
construímos um eu interior infeliz por conta do nosso sofrimento e acreditamos
que somos essa ficção fabricada pela mente. Nesse caso, nosso medo inconsciente
de perder a identidade vai criar uma forte resistência a qualquer forma de
não-identificação. Em outras palavras, você preferiria viver com o sofrimento –
ser o sofrimento – a saltar para o desconhecido, correndo o risco de
perder o seu infeliz, mas familiar eu interior.
Se esse é o seu caso, observe a resistência dentro de
você. Observe o seu apego ao sofrimento. Esteja muito alerta. Observe como é
estranho ter prazer em ser infeliz. Observe a compulsão de falar ou pensar a
esse respeito. A resistência deixará de existir se você torná-la consciente.
Poderá então dar atenção ao sofrimento, estar presente como testemunha e
iniciar a transformação.
Só você pode
fazer isso. Ninguém pode fazer por você. Mas, caso tenha bastante
sorte para encontrar alguém intensamente consciente,
se puder estar com essa pessoa e juntar-se a ela no estado de presença, isso
poderá ser de grande utilidade, acelerando o processo. Se isso acontecer, a sua
própria luz logo brilhará mais forte.
Quando colocamos um pedaço de lenha que
tenha começado a queimar há pouco tempo perto de outro que está queimando
vigorosamente e, depois, separamos os dois novamente, o primeiro tronco passará
a queimar com uma intensidade muito maior. Afinal de contas, é o mesmo fogo.
Ser um fogo dessa natureza é uma das funções de um mestre espiritual. Alguns
terapeutas estão aptos a preencher essa função; desde que tenham alcançado um
ponto além do nível de consciência e sejam capazes de criar e sustentar um
estado de presença intensa e consciente enquanto estiverem trabalhando com
você.
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