Nesse estado de aceitação e paz interior, pode
aparecer alguma coisa na
vida para ser chamada de “má”, da perspectiva da consciência comum?
Muitas das assim
chamadas coisas más que nos acontecem na vida são devidas à inconsciência. Elas
são criadas por nós, ou melhor, são criadas pelo ego. Refiro-me a isso, às
vezes, como “drama”. Quando restabelecemos a conexão com o Ser e não deixamos
mais a mente governar, paramos de criar essas coisas.
Mas há muitas
pessoas que se apaixonam pelos seus dramas particulares de vida. Identificam-se
com suas histórias. O ego governa a vida delas. Investiram nele todo o sentido
de eu interior. Até mesmo a busca de uma resposta, de uma solução, ou de uma
cura se torna parte dele. O que mais temem é que seus dramas tenham um fim.
Enquanto essas pessoas forem a mente, seu maior medo será o próprio
despertar.
Quando vivemos em
uma completa aceitação do que é, todos os dramas da nossa vida chegam ao
fim. Ninguém consegue ter a mais leve discussão conosco, não importa quanto
tente. Não se pode discutir com alguém completamente consciente. Uma discussão
implica uma identificação com a mente e uma determinada posição mental, tal
como resistência e reação às posições da outra pessoa. O resultado é que as
polaridades opostas ficam mutuamente energizadas. Esses são os mecanismos da
inconsciência. Ainda podemos estabelecer o nosso ponto de vista de modo claro e
firme, mas não haverá nenhuma força reagindo ao fundo, nenhuma defesa e nenhuma
agressão. Assim, não se transformará em um drama. Quando estamos completamente
conscientes, deixamos de estar em conflito. “Ninguém que esteja em unidade
consigo mesmo consegue pensar em conflito”, diz o livro A Course in Miracles
(Um curso em milagres). O livro se refere não só ao conflito com outras
pessoas, mas, fundamentalmente, ao conflito dentro de nós, que deixa de existir
quando não há mais nenhum desacordo entre as buscas e expectativas da nossa
mente e aquilo que é.
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